A balaiada foi um movimento popular que eclodiu na província do Maranhão entre os anos de 1838 a 1841 e se estendeu pelas províncias do Piauí e Ceará. Segundo Janotti (2005) a revolta da balaiada insere-se em um contexto de insurreição das camadas populares marginalizadas
A emergência de um discurso das camadas sociais marginalizadas, de forte conteúdo social, permeava, de muito, as fórmulas de protesto do discurso liberal empregadas nos manifestos e proclamações revolucionárias. Nesse clima de avanço e recuos da construção do poder, surgiu a Balaiada em 1838. (JANOTTI, 2005, p.54)
É considerada uma das maiores revoltas populares do período regencial devido a participação de diferentes sujeitos de grupos sociais diversos como fazendeiros, artesões, vaqueiros, escravos, mestiços, indígenas, negros alforriados, e pequenos agricultores. O movimento iniciou-se a partir da invasão, liderada pelo vaqueiro Raimundo Gomes, a uma cadeia no vilarejo Vila da Manga na província do Maranhão para libertar alguns companheiro que tinham sido alvo do recrutamento forçado que era imposto as populações pobres. O nome do movimento, Balaiada, é uma referência aos cestos produzidos por muitos dos participante da revolta chamado de “balaios”. Os principais líderes balaios foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o Cara Preta, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, e negro Cosme.
Conforme Mateus (2018) a Balaiada, foi uma luta contra a miséria, escravidão, autoritarismo, maus-tratos, abusos de poderes e injustiças que marcavam a sociedade da época. Dentre os motivos que levou a participação dos grupos sociais menos favorecidos estavam: conflitos entre os pequenos agricultores e grandes proprietários de terras, descriminação devido a cor da pele, os recrutamentos obrigatórios e a luta contra a escravidão.
Alguns fatores colaboram para explicar a origem da Balaiada, a exemplo dos conflitos intraoligárquicos, isto é, entre a própria elite, que se expressavam entre liberais e conservadores, assim como nas disputas regionais, entre elites locais e a oligarquia que monopolizou o poder regional; assim como o recrutamento forçado, que representava para as classes subalternas livres o tributo mais pesado entre todas as contribuições que a Corte determinava para implementar a centralização e a estabilidade política. A oposição ao “Pega”, símbolo de todas as arbitrariedades, serviu como bandeira de luta capaz de incentivar “os homens de cor” (MATEUS, 2018, p. 27)
Os interesses políticos partidários, de segmentos da elite engajados na balaiada, tinham outros interesses no movimento como a luta contra a exclusão política. Assim como acontecia a nível nacional havia uma disputa acirrada entre o Partido Liberal e o Partido Conservador conhecidos na província do Maranhão como “Bem-te-vis” e “Cabanos”, respectivamente. As disputadas políticas partidárias acirram-se quando os cabanos passaram a ocupar a maioria dos cargos públicos excluindo os bem-te-vis
Com isso, os cabanos em vantagem, iniciam uma onda de perseguições políticas ao bem-te-vis na província maranhense, revelando os primeiros sinais da investida regressista tecida no império. Durante o conflito entre cabanos e bem-te-vis, outro movimento se originou composto por diferentes segmentos sertanejos (vaqueiros, pequenos agricultores, artesãos) que mesmo influenciado pelas ideias liberais, permaneceram com características próprias. (MATEUS,2018, p. 28)
A cidade de Caxias, Maranhão, invadida pelos balaios em 1° de Agosto de 1839 foi palco final do conflito. Depois de vários embates entre os balaios e as tropas comandada por Luís Alves de Lima e Silva a balaiada foi sufocada em 1841. Os líderes balaios foram presos, mortos ou expulsos da província.
Segue em anexo link do curta metragem animado sobre a balaiada produzido pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão. Link: https://youtu.be/A7B-ExplAvg
Referências
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. A memória do tempo de cativeiro no Maranhão. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/tem/v15n29/04.pdf. Acesso em 03/04/2020.
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Balaiada: construção da memória histórica. Disponível m http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742005000100003. Acesso em 03/04/2020.
Mateus, Yuri Givago Alhadef Sampaio. A Guerra da Balaiada. São Luís, 2018. Disponível em http://www.ppghist.uema.br/wp-content/uploads/2016/12/Paradid%C3%A1tico-Yuri-vers%C3%A3o-p%C3%B3s-banca.pdf. Acesso em 03/04/2020.
SOUSA, Adriana Barreto. O resgate do que se desmancha: a cartografia da pacificação da Balaiada. Rev. TOPOI, V.9, N. 9, Jan-jun. 2008, p. 233-257.
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